terça-feira, 4 de novembro de 2008

6. Cristais e outros que tais

Não é fácil fazer cristais de proteína, porque as coisas têm tendência a existir de um modo desorganizado, e um cristal é uma forma da matéria em que as moléculas estão todas o orientadas da mesma maneira e distribuídas a distâncias regulares pelas três dimensões.

O principio é ter a proteína numa solução e ir lentamente retirando a água. A proteína está dissolvida porque há moléculas de água que estabilizam as suas cargas de superfície. Quando as moléculas de água disponíveis escasseiam, as proteínas juntam-se umas às outras e acabam por passar ao estado sólido na forma de agregados. Em condições especiais, juntam-se de um modo organizado e fazem uma rede, semelhante a um painel de azulejos em três dimensões. Isso é um cristal.

Cristais de proteína

Como não sabemos à partida em que condições isto acontece experimentamos muitas coisas. Diferentes aditivos que competem pelas moléculas de água, concentrações de proteína, etc. Tantas que até temos robôs para ajudar.

Estas experiências são feitas em pequenas gotas, que evaporam muito lentamente num ambiente fechado. O resultado mais comum não é um cristal, mas sim um precipitado amorfo, sem utilidade para caracterização por raio-X. Quando finalmente encontramos condições em que a proteína cristaliza é quase como descobrir a combinação de um cofre.

O robôt de cristalização

As gotas feitas pelo robot têm um volume de 300 nanolitro (um nanolitro é um milhão de vezes mais pequeno que um mililitro), por isso temos que procurar os cristais através de uma lupa que aumenta 200 vezes. Não é uma lupa à detective, tem um aspecto semelhante a um microscópio, com duas oculares. A diferença entre uma lupa e um microscópio é que a lupa só tem uma lente e o microscópio óptico tem duas. Como consequência numa lupa conseguem-se ver as coisas em três dimensões e num microscópio não, pois os planos ficam todos compactados. Mas um microscópio, multiplicando a capacidade de aumento de duas lentes, aumenta significativamente mais.

Lupas para observação de cristais do Laboratório de Cristalografia do ITQB

10, 9, 8, 7

1 comentário:

Anónimo disse...

David,

Ja reparaste que tens estado com um trend em alta na classificacao desta contagem decrescente ao doc? Espero que termine em 5.0 e que termine claro, com a apresentacao publica da coisa. :-) Fico a aguardar noticias, "wie abgemacht".

Um abraco, picuinhas