Quanto mais intenso é o feixe de raio-X, mais detalhes conseguimos saber da estrutura da proteína que constitui o cristal. Mas o feixe de raio-X também vai destruindo o cristal. Para contornar este paradoxo, fazemos as experiências a 173 graus negativos. Porque a esta temperatura (obtida graças a uma corrente constante de ar seco, arrefecido com azoto líquido) tudo é mais lento. Nomeadamente os processos de danos por radiação.
Cada cristal é pescado da gota em que cresce, com um loop muito pequeno (semelhante a um laço à cowboy com alguma décimas de milímetro) e mergulhado em azoto líquido. Antes, como um cristal de proteína tem cerca de 50% de água, temos que a tirar lá de dentro. Senão acontece o mesmo que a uma garrafa de água cheia que se coloca no congelador: aumenta de volume e parte. Substituímos a água no cristal por outro líquido que não aumente de volume quando congela. Em geral, glicerol (tem de ser uma molécula pequena, para poder entrar nos canais de solvente do cristal).
Operações triviais à temperatura ambiente passam a requerer uma certa técnica e cuidado, para não descongelarmos o cristal e não nos queimarmos com o azoto líquido.
Pescamos o cristal, mergulhamos em azoto líquido, encaixamos a base do laço à cowboy num pequeno tubo de plástico e guardamos. A partir de aqui, tudo tem que ser feito num banho de azoto líquido. Encaixar e desencaixar a base magnética, colocar o tubinho num carrossel para poder ser medido, encaixá-lo numa peça de metal para ser transportado num termo em azoto líquido. Usam-se pinças e varinhas magnéticas para fazer estas operações. Porque não podemos simplesmente pegar na tampa do frasquinho e desenroscá-la com os dedos mergulhados em azoto líquido.
É o mundo a -173ºC
10, 9, 8, 7, 6
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