(na ausência de novidades da ESA, mais uma história de alpinismo para embalar a espera)
O Everest sempre foi um íman para aventureiros que procuravam em demandas quase suicidas um sentido para a vida. Alguns foram sozinhos, outros aos 600 de cada vez, uns eram alpinistas experientes, outros não sabiam nada.
A história de Maurice Wilson é talvez a mais bizarra.
Em 1933 Maurice Wilson quis demonstrar que com uma mistura de fervor religioso e jejum conseguiria chegar sozinho e sem oxigénio suplementar ao cume do Everest. Em 1933 o Everest nunca tinha sido escalado, sozinho ou acompanhado, com ou sem oxigénio.
O plano era bastante simples: partir de Inglaterra de avião e ir por etapas até à base do Everest. Despenhar-se o mais acima possível nas encostas glaciares e continuar a pé, sozinho, até ao cume. Não sabia absolutamente nada sobre pilotar aviões ou subir montanhas. Preparou-se para a ascensão com cinco semanas de agradáveis caminhadas no countryside inglês. [What can possibly go wrong?]
Comprou um avião. Precisou do dobro das aulas de pilotagem do que a média dos candidatos para obter uma licença de voo. Fez-se ao caminho e despenhou-se pouco depois da descolagem, o que obrigou a um atraso de três semanas para reparações. O Ministro do Ar proibiu-o de voar, mas nem isso o demoveu. Contra todas as expectativas (inclusive do seu instrutor de voo) chegou à Índia, onde o avião foi finalmente apreendido.
Falido, continuou a pé. Passou a salto para o Tibete, disfarçado de monge budista. Encontrou três sherpas da expedição de 1932 que concordam em acompanhá-lo na aventura.
No mosteiro de Rongbuk, com o Everest à vista, é recebido entusiasticamente. São-lhe facultadas cordas e tendas da expedição britânica do ano anterior e é abençoado pelo Lama superior. Não se demora. Volta ao caminho no dia seguinte, ao som da habitual oração da manhã. Escreve no seu diário que os monges rezavam por ele.
Chega ao glaciar sem crampons, piolets ou qualquer noção do que é a progressão em neve e gelo. Evita a morte miraculosamente durante algum tempo, mas o seu corpo é encontrado no ano seguinte a cerca de 7500 metros de altitude. A última entrada do seu diário é: "Off again, gorgeous day".
Em 2003 um alpinista encontra uma tenda antiga a 8500 metros e coloca-se a hipótese de ter pertencido a Maurice Wilson. Talvez Maurice Wilson tenha chegado ao cume do Everest. Isso faria dele não só o primeiro, como o primeiro sem oxigénio e a solo, antecipando 46 anos essa façanha. [O primeiro a fazê-lo e voltar para baixo foi Reinhold Messner].
Há um livro escrito sobre esta aventura, mas a única edição é de 1953 e não é fácil chegar a um exemplar.
A história de Maurice Wilson é talvez a mais bizarra.
Em 1933 Maurice Wilson quis demonstrar que com uma mistura de fervor religioso e jejum conseguiria chegar sozinho e sem oxigénio suplementar ao cume do Everest. Em 1933 o Everest nunca tinha sido escalado, sozinho ou acompanhado, com ou sem oxigénio.
O plano era bastante simples: partir de Inglaterra de avião e ir por etapas até à base do Everest. Despenhar-se o mais acima possível nas encostas glaciares e continuar a pé, sozinho, até ao cume. Não sabia absolutamente nada sobre pilotar aviões ou subir montanhas. Preparou-se para a ascensão com cinco semanas de agradáveis caminhadas no countryside inglês. [What can possibly go wrong?]
Comprou um avião. Precisou do dobro das aulas de pilotagem do que a média dos candidatos para obter uma licença de voo. Fez-se ao caminho e despenhou-se pouco depois da descolagem, o que obrigou a um atraso de três semanas para reparações. O Ministro do Ar proibiu-o de voar, mas nem isso o demoveu. Contra todas as expectativas (inclusive do seu instrutor de voo) chegou à Índia, onde o avião foi finalmente apreendido.
Falido, continuou a pé. Passou a salto para o Tibete, disfarçado de monge budista. Encontrou três sherpas da expedição de 1932 que concordam em acompanhá-lo na aventura.
No mosteiro de Rongbuk, com o Everest à vista, é recebido entusiasticamente. São-lhe facultadas cordas e tendas da expedição britânica do ano anterior e é abençoado pelo Lama superior. Não se demora. Volta ao caminho no dia seguinte, ao som da habitual oração da manhã. Escreve no seu diário que os monges rezavam por ele.
Chega ao glaciar sem crampons, piolets ou qualquer noção do que é a progressão em neve e gelo. Evita a morte miraculosamente durante algum tempo, mas o seu corpo é encontrado no ano seguinte a cerca de 7500 metros de altitude. A última entrada do seu diário é: "Off again, gorgeous day".
Em 2003 um alpinista encontra uma tenda antiga a 8500 metros e coloca-se a hipótese de ter pertencido a Maurice Wilson. Talvez Maurice Wilson tenha chegado ao cume do Everest. Isso faria dele não só o primeiro, como o primeiro sem oxigénio e a solo, antecipando 46 anos essa façanha. [O primeiro a fazê-lo e voltar para baixo foi Reinhold Messner].
Há um livro escrito sobre esta aventura, mas a única edição é de 1953 e não é fácil chegar a um exemplar.
2 comentários:
Ora ca esta um gajo a minha altura. Louco o suficiente para ir em frente. Estupido qb para nao voltar para tras.
Tu, David, mesmo com o ebay na cabeca soubeste voltar para tras. Achei sempre que os verdadeiros vencederos nao sao os "no limits" mas sim os "know were limits are!". Acho que es um vencedor verdadeiro! So falta o aval da ESA! ;-)
Concordo inteiramente. Não acho que seja muito ambicionavel ser como o Maurice Wilson :-)
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